Não Olhe Para Cima: o mundo está acabando e continuamos distraídos

A estupidez humana é tão imensa, que não podemos concordar em nada, mesmo que a nossa existência dependa disso. Essa é mensagem sarcástica que Adam McKay quer transmitir no filme Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up), da Netflix.

Não pretendia falar sobre esse filme, que está dominando as Redes Sociais, mas resolvi dar a minha opinião sobre essa comédia que critica o negacionismo e as pessoas que acreditam em fake news compartilhadas pelo WhatsApp. É uma pena que o diretor Adam McKay não conheça a Música Nostradamus, de Eduardo Dussek, mas ela combinaria como trilha sonora desse filme da Netflix.

Essa comédia recheada de estrelas, como os vencedores do Oscar Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett e Mark Rylance, faz uma sátira sobre um assunto bem atual e critica como nada é feito quando enfrentamos grandes crises planetárias. Isso graças ao dinheiro, à uma política negacionista e a uma cultura superficial, ignorante e facilmente relapsa, que não tem capacidade de se concentrar em nada grande, porque trivialidades, cliques e likes controlam toda a nossa atenção.

O filme Não Olhe Para Cima é interessante, mas o tom satírico não traz a intensidade de outros filmes sobre o tema, como Impacto Profundo (Deep Impact) e Mera Coincidência (Wag the Dog). Apesar de tentar ser ágil, à medida que a desordem se acumula, torna-se um pouco monótono. As piadas acabam e apenas alguns atores do seu elenco, que são veteranos em filmes desse tipo, conseguem deixar o filme mais engraçado.

Lógico que Jonah Hill, que faz o filho da presidenta, é o mais engraçado de todos, mas Blanchett e Streep também conseguem ser engraçadas e caricatas, representando bem o papel de uma presidenta negacionista e uma apresentadora intransigente e ostensiva.

Logo no início do filme vemos uma imitação, ou homenagem, às aberturas de Armageddon e Impacto Profundo. Kate (Lawrence), uma solitária candidata ao doutorado em astronomia, com um penteado estilo Faria Limers, vê algo durante sua sessão de telescópio, mapeia-o através de alguns quadros e solta um gritinho de alegria. Seus colegas de classe e também o seu professor, Dr. Mindy (DiCaprio) celebram a descoberta do cometa Dibiaski, que leva o sobrenome de Kate, é claro.

Logo após à festa, o Dr. Mindy conduz um cálculo matemático sobre a trajetória de vôo e já manda todos para casa, enquanto ele e Kate têm sua primeira piração. Os dois descobrem que o cometa está indo em direção à Terra e que ele é bem grande.

Essa descoberta define o tom para o resto do filme, que mostra cientistas que não estão acostumados a interagir com políticos ou leigos sem educação ou idiotas de programas TV e que são jogados em uma Casa Branca cheia de pessoas superficiais e negacionistas e o melhor de todos, um general que cobra lanches gratuitos dos três cientistas, enquanto eles aguardam a presidenta chamar.

Após essa conversa a equipe de cientistas é totalmente maltratada pela Mídia, que deixa a porta aberta para os malucos espalharam fake news pelo YouTube e Instagram, algo bem parecido com o mundo real em que vivemos.

Ariana Grande interpreta uma estrela pop egocêntrica, cuja separação de outra estrela pop, é uma distração global para o desastre eminente, algo como o golden shower. Chris Evans interpreta uma estrela de cinema cujo último filme foi programado para capitalizar, bem no dia da colisão. E Ron Perlman aparece como um herói americano, totalmente racista, que foi chamado para pilotar um ônibus espacial e levá-lo até o cometa, para explodi-lo.

Não Olhe Para Cima também faz uma crítica à empresários como Elon Musk e Jeff Bezos, que tentam criar uma saída estapafúrdia para o aquecimento global e que também faturam alto com a pandemia de Covid-19. Resolvi escrever esse artigo depois que vi alguns negacionistas elogiando o filme nas Redes Sociais e outros detonando Não Olhe Para Cima, uma prova de que só o meteoro pode acabar com essa ignorância coletiva, que parece ser incurável. Por isso encerro com um trecho da música Nostradamus.

“O dia ficou noite
O sol foi pro além
Eu preciso de alguém
Vou até a cozinha
Encontro Carlota, a cozinheira, morta
Diante do meu pé, Zé
Eu falei, eu gritei, eu implorei:
“Levanta e serve um café
Que o mundo acabou!”

Artigo: Hugo Machado

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