A Mulher Rei mostra a história das guerreiras Agojie

A Mulher Rei mostra as guerreiras Agojie e embora elas não existam mais, com certeza inspiraram a cultura pop e a personagem Dora Milaje, do filme Pantera Negra.

O filme é estrelado por Viola Davis como General Nanisca, líder dos Agojie e personagem central do filme. Nanisca se interessa por uma jovem chamada Nawi (Thuso Mbedu) depois de encorajar ela e outras mulheres ex-prisioneiras a se juntarem às suas fileiras. As Agojie servem ao Rei Ghezo, interpretado por John Boyega, conhecido por seu papel como Finn, do filme Star Wars: O Despertar da Força.

A diretora Gina Prince-Bythenwood tem uma forte bagagem cinematográfica e também trabalhou em séries de televisão. Gina é formada em cinema pela Universidade de Los Angeles (UCLA Film School) e trabalho no filme A Vida Secreta das Abelhas e na série Manto & Adaga. Ela conseguiu fazer, sem dúvida, uma produção excelente, contando com um elenco quase inteiramente formado de pessoas negras. A película é um libelo tremendamente impactante. Isso porque ela conta a história das Agojie, mulheres guerreiras temidas por quase todas as nações africanas, até o final do Séc. XIX. Segundo fontes históricas, esses exércitos femininos foram formados, de fato, pela carência de pessoas do sexo masculino naquela região. Provavelmente como resultado da devastação causada pelos europeus, pois eles escravizaram populações inteiras ao longo de mais ou menos 400 anos.

O filme foi inspirado por fatos históricos

Embora a maior parte da história de A Mulher Rei seja verdadeira, algumas liberdades são tomadas. Os eventos do filme acontecem em 1823 e Dahomey está tentando se libertar de seus deveres tributários do império de Oyo. Esta parte é genuína, realmente o verdadeiro Rei Ghezo rompeu seus laços com o rival de Dahomey, exatamente nesse ano retratado no filme.

No entanto, a personagem de Viola Davis, General Nanisca, foi criada para esse filme e sua posição sobre o comércio de escravos, provavelmente não foi compartilhada pelos verdadeiros generais Agojie daquele período. Sua protegida, a guerreira em treinamento Naw,i também é um personagem fictício, embora ela e Nanisca compartilhem nomes reais.

A Mulher Rei conta uma história parcialmente real

A fatia histórica contada na produção narra as trajetórias de Nanisca e Nawi, na primeira metade do Século XIX. Uma das guerras dos Daomé contra o reino de Oyó, protetorado sob a regência de Xangô. Em paralelo, acompanhamos o desenrolar de disputas políticas e a luta de Nanisca contra os fantasmas do passado. De fato, isso privilegia aspectos que não estamos acostumados a ver em produções americanas, como o respeito à religião anímica praticada no antigo reino do Daomé; a existência de homossexuais influentes no reino, a relação alterada pela colonização cristianizante e preconceituosa contra as diversidades sexuais; o poder feminino nos reinos; a alegria dos povos africanos, plenamente demonstrada pela relação deles com a música. Enfim, uma produção deliciosamente encantadora e, com toda a certeza, grandiosa.

Veja o pôster oficial de A Mulher Rei

Na verdadeira história, a riqueza de Dahomey era devido ao comércio de escravos, algo parcialmente retratado no filme. A Mulher Rei mostra uma nação em conflito e que queria parar de negociar escravos, o que é impreciso. A visão de Gina Prince-Bythewood é muito mais heróica do que a verdadeira história das Agojie. Dahomey parou seu comércio de escravos a pedido dos britânicos muito mais tarde do que a linha do tempo do filme, porém isso não durou muito, pois a riqueza do reino começou a diminuir.

A Mulher Rei mostra a colonização europeia na África

Do ponto de vista histórico, percebemos que a colonização europeia na África colocou nações antes irmãs uma contra a outra e patrocinou a maior atrocidade do milênio: a comercialização de seres humanos escravizados para a produção em massa de comodities nas Américas, recém descobertas. As conseqüências deste comércio impactam ainda hoje, mais de um século depois do fim desta perversidade, refletindo um racismo estrutural e arraigado no ocidente.

Por fim, Mulher Rei é um filme simplesmente imperdível. E é necessário fazer uma campanha para assisti-lo no cinema, para provar à indústria do entretenimento que produções realizadas por mulheres, e ainda por cima, afrodescendentes, podem ser produtos rentáveis. Embora algumas das afirmações do filme sejam relatos fictícios da história, é bom trazer o reino de Dahomey para um público pouco familiarizado com essa antiga nação africana.

Artigo em parceria com Cristovam de Freitas

Veja o trailer do filme A Mulher Rei

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