O Metaverso não será apenas o reflexo de nós mesmos no espelho

BSB, 29 de outubro de 2041 e você está indo, quer dizer, o seu avatar está indo todo produzido para a sua entrevista de emprego no Metaverso. Você acabou de acordar, ainda nem escovou os dentes e está deitado em sua cama com o Meta Quest do Facebook, um óculos de RA que garante a sua entrada nesse novo Metaverso. Depois de uma espera longa, o avatar do seu empregador aparece na sua frente e faz uma pergunta. Quando você vai responder, a bateria do seu Meta Quest acaba e o seu avatar fica dançando freneticamente, sem parar, na frente de todos os outros avatares que estão na entrevista. O Avatar do seu empregador ri e desconecta você da entrevista.

No mundo real você tira o Meta Quest para carregar a bateria e uma conta de luz, com bandeira vermelha, é colocada por baixo da sua porta e, sim, ela é muito real.

Você provavelmente nunca teve contato com o Metaverso mas o seu filho, com certeza, já assistiu algum show nessa nova realidade, pois o game Fortnite já realizou vários eventos virtuais onde um artista aparece para cantar, como o do Travis Scott. Um avatar do cantor canta e dança num palco virtual e em sua volta estão os jogadores, com as suas skins favoritas.

O anúncio do CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, de que está mudando o nome de sua empresa para Meta Platforms Inc., ou Meta para ficar mais fácil, pode ser o maior acontecimento no Metaverso, desde que o escritor de ficção científica, Neal Stephenson, criou esse termo para o seu romance Snow Crash, de 1992. Na verdade o Metaverso apareceu bem antes disso no filme Tron, de 1982.

Zuckerberg e sua equipe não são os únicos visionários sobre como o Metaverso, que empregará uma mistura de realidade virtual e outras tecnologias, deve tomar forma. E alguns profissionais e pesquisadores, que já estão pensando nisso há algum tempo, se preocupam com esse novo mundo ligado a um gigante da mídia social, que poderia ter acesso a ainda mais dados pessoais, além de ser acusado de não conseguir impedir a proliferação de informações falsas e perigosas ou outros danos online, que geram vários problemas no mundo real.

Mas o que é exatamente o Metaverso?

Pense nele como uma internet que ganhou vida, ou pelo menos foi renderizada em 3D. Zuckerberg o descreveu como um ambiente virtual no qual você pode entrar e interagir, em vez de apenas ficar olhando para uma tela. Essencialmente, é um mundo de comunidades virtuais interconectadas e infinitas onde as pessoas podem se encontrar, trabalhar e se divertir, usando fones de ouvido de realidade virtual, óculos de realidade aumentada, aplicativos de smartphone e outros dispositivos que ainda nem foram criados.

O Metaverso também irá incorporar outros aspectos da vida online, como compras e mídia social, de acordo com analistas que acompanham as tecnologias emergentes.

“É a próxima evolução da conectividade, onde todas essas coisas começam a se reunir em um universo doppelganger perfeito (termo criado pelo escritor alemão Jean Paul, que se refere às pessoas que são exatamente iguais), então você vive a sua vida virtual da mesma forma que está vivendo a sua vida física”, disse Victoria Petrock, analista de tecnologia.

Ou seja, você vai realizar coisas como ir a um concerto virtual, fazer uma viagem online, ver ou criar obras de arte e até experimentar ou comprar roupas digitais. O Metaverso também pode criar outro turno de trabalho na sua casa, algo que proliferou no meio da pandemia de coronavírus. Em vez de ver os colegas de trabalho em uma tela de videochamada, os funcionários vão poder se juntar à eles em um escritório virtual. Só espero que o meu avatar não precise salvar o Universo de uma grande corporação que pretende dominar o mundo, como acontece no livro e filme Jogador Nº 1.

O Facebook já havia lançado um software de reunião para empresas, chamado Horizon Workrooms, para usar com o seu Oculus VR, e as primeiras avaliações não foram muito boas. Os dispositivos custam US $ 300 ou mais, o que coloca a possibilidade de uma experiência mais avançada no Metaverso, fora do alcance de muitos.

Mas, quem tiver dinheiro para comprar todos os dispositivos necessários vai poder, através de seus avatares, navegar por mundos virtuais criados por diferentes empresas, como Apple, Google, Epic Games e várias outras. Você vai poder estudar, passear, trabalhar e viver novas experiências no Metaverso. Se vai ser bom ou ruim, só o futuro poderá dizer.

Grande parte da experiência no Metaverso envolve a capacidade de se teletransportar de uma realidade para outra”, disse Zuckerberg.

Show de Travis Scott no Fortnite

A Realidade Ampliada-RA e consequentemente o Metaverso, já é uma realidade em vários escritórios no Vale do Silício e eles não estão pensando em criar uma nova Web politicamente correta e que seja totalmente livre. Essas empresas só estão pensando em como irão lucrar nesse novo universo virtual.

A adoção do Metaverso por Zuckerberg, de certa forma, contradiz um princípio central de um dos seus maiores entusiastas. Eles imaginam o Metaverso como a libertação da cultura online de plataformas de tecnologia como o Facebook, que assumiu a propriedade das contas, fotos, postagens e listas de reprodução das pessoas e trocou tudo isso pela coleta de dados desses usuários.

“Queremos ser capazes de navegar na Internet com facilidade, mas também queremos ser capazes de acessar a Internet de uma forma que não sejamos rastreados e monitorados”, disse o capitalista de risco Steve Jang, sócio-gerente da Kindred Ventures que se concentra na tecnologia de criptomoedas.

Porém, parece bem claro que o Facebook queira levar o seu modelo de negócios, que se baseia no uso de dados pessoais para vender publicidade direcionada, para esse novo Metaverso, como já informou o seu CEO.

“Os anúncios continuarão sendo uma parte importante da estratégia em todas as camadas da mídia social e provavelmente também serão uma parte significativa do Metaverso”, disse Zuckerberg em uma recente teleconferência de resultados da empresa.

Por isso muitos pesquisadores e intelectuais estão preocupadas que o Facebook esteja liderando o caminho para esse novo mundo virtual, que pode exigir ainda mais dados pessoais e oferecer ainda mais desinformação, sendo que a empresa ainda não conseguiu corrigir esses problemas nas suas plataformas atuais.

As próximas duas décadas irão ditar o que será, realmente, esse novo Metaverso. Espero que os humanos criem esse novo mundo virtual do zero e que ele possa ser qualquer coisa que eles quiserem, sem interferência total das grandes corporações. As novas gerações de profissionais de tecnologia não podem deixar que uma nova Web seja criada e controlada totalmente por essas empresas que já dominam o mercado de tecnologia.

Como será o futuro do Metaverso? Ninguém sabe exatamente ainda e isso vai depender muito do perfil dos profissionais que irão ajudar o mundo a navegar nesse novo território.

Artigo: Hugo Machado

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