A série Julia foi um marco ou uma pedra no caminho da diversidade?

Julia foi a primeira série de TV com uma mulher negra e a atriz Diahann Carroll ultrapassou várias fronteiras raciais, sendo uma estrela de TV.

Série Julia

Série Julia Anos 70

Julia é mas uma série dos Anos 70, que eu assistia com a minha mãe e irmã, pois foi criada pela NBC em 1968. No Brasil, a série passou primeiro na TV Tupi, em 1969, e depois foi reprisada na Globo. A atriz Diahann Carroll até chegou a visitar o Brasil na época, em um evento da Twentieth Century Fox, pois a série fazia algum sucesso por aqui.

Apesar de ser uma série inovadora, que apresentava uma enfermeira negra e mãe solo, Julia recebeu várias críticas. Isso porque a sociedade não aceitou uma jovem viúva, que criava sozinha o seu filho de 5 anos e morava em um belo apartamento de classe média, sendo ela apenas uma enfermeira. Ou seja, usar essa premissa de classe média, para a primeira série com uma família negra, em 1968, transformou Julia em um amplo debate. Pois a série não apresentava a forma estereotipada que os negros eram representados na TV, algo que acontece em algumas séries e filmes, até hoje.

Li uma entrevista da atriz Diahann Carroll, onde ela fala que lutava por um certo realismo. Veja o que ela disse: “por cem anos, fomos impedidos de ver imagens precisas de nós mesmos e estamos todos preocupados”, disse a atriz ao TV Guide, em dezembro de 1968. “As necessidades do escritor branco vão para o ser sobre-humano. No momento, estamos apresentando o negro branco. E ele tem muito pouca negritude.”

Série Julia

Julia e seu filho (Marc Copage)

Nessa época, apenas assistíamos as séries e não julgávamos se ela era politicamente correta, ainda bem que o mundo evoluiu bastante nesse aspecto. Certamente Julia era uma série bem inovadora, em todos os aspectos, mostrando Diahann Carroll como a enfermeira Julia Baker. Ela era viúva e mãe de um filho de 5 anos, chamado Corey (Marc Copage). Como o marido de Julia morreu na Guerra do Vietnã, ela e Corey mudam para um elegante apartamento, após ela conseguir o emprego de enfermeira. Apenas isso já motivava o ódio de quem não aceitava a diversidade, ou a evolução social.

Seus vizinhos incluíam Marie Waggedorn, interpretada por Betty Beaird, e seu filho, Earl J. Waggedorn, o melhor amigo de Corey, interpretado por Michael Link. Julia trabalhava em um consultório médico de ponta, dentro de uma indústria aeroespacial. Ela, junto com a enfermeira supervisora Hannah Yarby (Lurene Tuttle), trabalhavam com o Dr. Mortan Chegley (Lloyd Nolan), um médico de mente dura, mas com o coração mole.

Julia sofreu várias críticas

Julia chegou a ser criticada até pela comunidade negra dos EUA, pois diziam que ela não representava a realidade dos negros americanos dessa época. Eles diziam que a série apresentava uma mulher negra, de classe média alta, que criava o seu filho sozinha. Ou seja, os negros americanos diziam que a série não mostrava todo o sofrimento do seu povo. Mesmo assim, a maioria queria que a série fosse um sucesso, apesar de saberem que ela apresentava um ponto de vista diferente sobre os negros americanos. A atriz Diahann Carroll chegou a falar sobre isso, em uma entrevista da época.

A atriz disse: “o sofrimento era gigantesco, por sermos tão triviais, por isso eles sentiram. Pois apresentamos uma mulher negra de classe média, que trabalha como enfermeira na enorme indústria aeroespacial.”. Certamente isso não era muito comum nessa época, como podemos ver no filme Estrelas Além do Tempo.

Julia quebrou vários paradigmas raciais mas, mesmo assim, recebia críticas de conservadores, racistas e até negros. Pois na época da série, até as famílias negras criticavam a falta de uma presença masculina, algo que, em pleno século XXI, ainda incomoda várias pessoas. Apesar dessas críticas, essa série da NBC, produzida no turbulento ano de 1968, levou ao ar uma mulher negra que não era empregada doméstica ou uma mãe, ela era uma enfermeira na indústria aeroespacial. Por causa disso, com certeza essa série merece um reconhecimento e até um lugar na história da televisão.

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