Estava preparando o ouvido para o Quito Blues e minha playlist tem vários clássicos deste ritmo criado no Mississipi e, por isso, ouvi muito Celso Blues Boy.
Celso Blues Boy e B.B. King
Por incrível que pareça, estou indo para o segundo show de Blues aqui em Brasília, algo que devemos comemorar muito, pois esse ritmo não ecoa muito pelas asas da nossa capital. Por causa disso, passei a noite melhorando minha playlist de Blues e, no meio de John Lee Hooker, Robert Johnson, Buddy Guy e vários outros, não poderia faltar as músicas de Celso Blues Boy, esse blueseiro brazuca que nasceu em 1956.
Apesar de conhecer algumas músicas desse artista, posso dizer que a minha introdução nesse universo “Celsístico” aconteceu em Saquarema, regada com muito Jack e Johnnie. Isso, lógico, em plena década de 80, período em que Celso Blues Boy praticamente morava no Circo Voador. Mas nunca fui a nenhum show dele no Rio, algo surpreendente, e só assisti a primeira apresentação do artista aqui em Brasília.
Aumenta Que Isso Aí É Rock And Roll é um hit composto e gravado por Celso Blues Boy (1956-2012), guitarrista de voz rouca e grande referência para os jovens roqueiros oitentista. Aliás, essa frase é dita por várias gerações, mas muitas pessoas nem devem saber que ela surgiu nessa música, gravada em 1984. Aumenta Que Isso Aí É Rock And Roll também é o nome de um filme em cartaz e que conta a história da Fluminense FM, A Maldita, emissora de rádio que praticamente lançou essa geração BRock. Ela não é minha música preferida do Celso, mas está presente em minha playlists, ao lado de Sempre Brilhará, Brilho da Noite, Blues Motel, Atrás do Tempo Perdido e várias outras.
Um músico que sempre brilhará
Quem nunca ouviu uma música ou um álbum inteiro de Celso Blues Boy, não sabe o que está perdendo. Pois esse músico já tocou ao lado de B.B. King e gravou Indiana Blues com essa lenda da guitarra, um álbum essencial e que levou 4 anos para ser produzido. É lógico que esse álbum tem Mississipi, tocada ao lado de B.B. King, pois essa letra fala sobre a lenda de Robert Johnson e o seu pacto com o diabo numa encruzilhada.
Celso Ricardo Furtado de Carvalho, nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua carreira artística tocando com Raul Seixas, Sá & Guarabira e até Luiz Melodia. Em 1976 ele resolve criar a banda Legião Estrangeira e também passa a ser guitarrista da Aero Blues. Tudo começa a mudar em 1980, quando Celso envia uma fita com suas músicas para a Rádio Fluminense. A partir desse momento o artista passa a gravar solos e bases com uma Fender Stratocaster e uma Fender Telecaster, mas depois utiliza sua especial Fender Southern Cross, único modelo brasileiro dessa icônica marca de guitarras, produzida pela Giannini.
Dois álbuns raros e um deles está autografado
Não tenho nenhum vinil do Celso, por isso entrei em contato com um amigo, que é muito mais fã do que eu. São esses dois álbuns acima, que devem ser bem difícil de encontrar e, com certeza, muito raros, pois um deles está até autografado. É uma pena que não produzam mais nenhum álbum do Celso e o último, de acordo com a minha pesquisa, foi lançado em 2005.
Veja a Discografia
Marginal Blues (1986)
3 (1987)
Quando a Noite Cai (1989)
Indiana Blues (1996)
Nuvens Negras Choram (1998)
Série Gold: Ao Vivo (1998)
Vagabundo Errante (1999)
Novo Milênio (2005)
O artista também lançou, em 2008, seu primeiro e único DVD, Quem Foi Que Falou Que Acabou o Rock n’Roll?, gravado, lógico, no Circo Voador. Eternizando essa canção: “Por dentro eu sei, Que nunca senti, Nada além de amor, Tudo o que vivi…”.
Alô turma da Rua da Praia, balancem o gelinho no copo, apertem o play e lembrem do tempo que ouvíamos muito Celso Blues em Saquarema. No tempo em que todo mundo dormia acordado e escutava esse som pesado no rádio. Só não tinha um vizinho gritando: Aumenta Que Isso Aí É Rock And Roll.
Veja abaixo o vídeo comemorativo que o Circo Voador fez para o artista.