Stan Lee disse que os X-Men foram inspirados por heróis da vida real

Stan Lee apoiou o Movimento dos Direitos Civis através de seus quadrinhos e os X-Men mostram que a Marvel sempre se inspirou na realidade.

Os X-Men sempre foram perseguidos

Martin Luther King disse em seu famoso discurso: “eu tenho um sonho que um dia, nas montanhas rubras da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes de donos de escravos, poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.” Stan Lee criou vários personagens inspirado por essa luta pelos direitos civis, que aconteceu na década de 1960 e continua acontecendo até hoje. Mas, a maior manifestação dessa ideia, foram os X-Men. Criados em setembro de 1963, na HQ X-Men #1, esses mutantes eram uma equipe de adolescentes, liderados por seu professor e mentor, Charles Xavier.

Mas antes de falar sobre os X-Men, preciso dizer que é impossível imaginar a cultura pop mundial sem o Homem-Aranha, o Capitão América, ou o Hulk. Por causa desses personagens, tivemos filmes que foram um grande sucesso de bilheteria, além de várias séries e produtos franqueados. Quase todas essas histórias da Marvel Comics foram criadas por Stan Lee, que morreu em 12 de novembro de 2018, aos 95 anos. Mas, todos nós sabemos, que Lee criou aventuras de super-heróis com uma forte inclinação humana. Além disso, seus personagens não são totalmente poderosos, portanto eles sentem dor, angústia e arrependimento. Eles vencem, mas também perdem suas batalhas. Certamente, muitos desses personagens foram moldados e inspirados nas lutas pelos direitos civis, que aconteceram na década de 1960.

Capa da primeira HQ dos X-Men

Com esses personagens, Stan Lee procurou passar mensagens de tolerância e aceitação, rejeitando a agressividade, o racismo e o bullying. “Essas histórias têm espaço para todos, independentemente de raça, gênero, religião ou cor de pele”, disse Stan Lee em 2017. “As únicas coisas para as quais não temos espaço são o ódio, a intolerância e o fanatismo.” Continuou ele.

No entanto, a maior manifestação dessa ideia foi a criação dos X-Men. Esse grupo mutante luta contra supervilões e outros mutantes, liderados por Magneto, que estão empenhados na destruição da humanidade. Mas, apesar dessa batalha entre o bem e o mal, os X-Men, além de todos os mutantes, eram odiados pelos humanos que eles defendiam.

“Adorei essa ideia”, disse Stan Lee em 2000, quando o primeiro filme dos X-Men chegou aos cinemas. Ele disse: “isso não apenas os tornou diferentes, mas foi uma boa metáfora para o que estava acontecendo com o Movimento dos Direitos Civis naquela época.”

Stan Lee criou os personagens mais políticos da Marvel

De fato essa metáfora moldou os personagens, pois o Professor X apresenta uma visão de coexistência harmoniosa entre humanos e mutantes, inspiradas no Dr. Martin Luther King. No entanto, a atitude rígida e agressiva de Magneto, em defesa dos mutantes, refletia a filosofia de Malcolm X. Já os Sentinelas, enormes robôs caçadores de mutantes, foram introduzidos dois anos depois. Eles chegaram logo após os leitores assistirem americanos negros, sendo espancados e humilhados por policiais brancos, na TV.

Sean Howe, autor do livro Marvel Comics: A História Secreta, disse “Existe um conjunto inegável de alegorias acontecendo. Os X-Men foram, provavelmente, os quadrinhos mais explicitamente políticos da Marvel, nos anos 1960.”

Em 1966, Stan Lee e Jack Kirby novamente se envolveram com a igualdade racial, quando criaram o personagem Pantera Negra. Esse super-herói negro, que também era o rei da fictícia nação africana Wakanda, o país das maravilhas afrofuturista, de alta tecnologia. Por isso, dois anos depois, na sua coluna Stan’s Soapbox, Lee fez uma declaração mais explícita sobre direitos civis e aceitação.

Veja a declaração de Stan Lee

“Vamos colocar isso na linha. A intolerância e o racismo estão entre os males sociais mais mortais que assolam o mundo hoje”. Stan Lee escreveu isso em dezembro de 1968. “É totalmente irracional, patentemente insano condenar uma raça inteira, desprezar uma nação inteira, difamar uma religião inteira. Mais cedo ou mais tarde, devemos aprender a julgar uns aos outros por nossos próprios méritos. Mais cedo ou mais tarde, se um homem quiser ser digno de seu destino, devemos encher nossos corações de tolerância.”

Já no início da década de 1980, continuando até hoje, os X-Men foram adotados por aqueles que lutam pelos direitos LGBTQ+. Certamente essas pessoas enxergaram, na luta dos mutantes, uma busca por aceitação e igualdade, como a delas. Isso ficou explícito no filme X-Men (2003), quando os pais perturbados de Bobby Drake, também conhecido como Homem-Gelo, perguntam a ele: “Você já tentou não ser um mutante”?

Além disso, essa pergunta, dolorosamente familiar para as pessoas LGBTQ+, também apareceu na HQ Uncanny X-men Vol. 6: Storyville, de 2015, que apresentou um Bobby Drake gay.

A Marvel apresenta o que o mundo real mostra

Quem já leu alguma revista em quadrinhos da Marvel, sabe que a editora sempre procurou humanizar as suas histórias e personagens. Os personagens da Marvel sempre agiam de maneira diferente, pois Stan Lee aproveitou as lutas que os leitores de suas histórias vivenciavam, todos os dias. “A Marvel sempre foi e sempre será um reflexo do mundo que está do lado de fora da nossa janela”, explicou Stan Lee, um ano antes de sua morte.

Os X-Men vivem questões contemporânea em suas histórias, sempre mostrando o sofrimento daqueles que são considerados diferentes. Stan Lee criou personagens que expressam suas individualidades e não querem ser vítimas de uma sociedade cruel e preconceituosa.


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