Assassinos da Lua das Flores reduz o protagonismo indígena

O cinema não é perfeito, principalmente quando tenta contar alguma história indígena, por isso Assassinos da Lua das Flores teve várias críticas da nação Osage.

Assassinos da Rua das Flores

Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e Lily Gladstone no filme Assassinos da Lua das Flores

Assassinos da Lua das Flores tem 3h 26m e mostra algo que muitos já sabem, a ganância e a crueldade sempre estão presentes na história da humanidade. Seja no assassinato impiedoso dos Osages, ou no Massacre de Haximu, uma chacina de índios Ianomâmis realizada por garimpeiros de ouro.

O roteiro inicial do filme insistia na ideia do salvador branco, como acontece em Danças com Lobos, e isso erra a ideia inicial Martin Scorsese. Pois Assassinos da Lua das Flores conta uma história real sobre os assassinatos dos Osages, na década de 1920, por isso o roteiro inicial era sobre o agente especial Tom White e como sua investigação cria o FBI. Leonardo DiCaprio até interpretaria o agente White, mas resolveram alterar o roteiro, após Scorsese conversar com o chefe da nação Osage, Geoffrey Standing Bear.

Uma história real sobre os Osages

Ainda bem que resolveram alterar o roteiro, pois o filme narra um capítulo bem sombrio e doloroso da história dos Osage. Após serem forçados a deixar suas terras natais, eles são levados para uma reserva em Oklahoma e descobrem petróleo sob suas novas terras. Esse petróleo torna os Osage extraordinariamente ricos mas, infelizmente, eles viram alvos de uma sinistra conspiração de assassinato, exatamente como vemos no filme.

Mas essa passividade dos Osages, algo que deixa qualquer pessoa revoltada quando assiste ao filme, é duramente criticada por representantes indígenas dos EUA. Muitos deram entrevistas, dizendo que o filme é sobre a exploração de povos indígenas por homens brancos e que essa narrativa reduz o povo Osage como simples vítimas e personagens secundários. Vemos isso em grande parte do filme, que mostra Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), William Halee (Robert De Niro) e um círculo de criminosos brancos, dispostos a fazer qualquer coisa para herdarem as riquezas das mulheres Osage.

Assassinos da Lua das Flores

Lily Gladstone e a verdadeira Mollie

A passividade do povo Osage no filme realmente deixa qualquer um irritado e até duvidamos que Mollie desconheça a insulina com veneno, aplicadas pelo seu marido Ernest. Aliás, toda morte do povo Osage é muito cruel e covarde, como os massacres de povos indígenas que vemos constantemente na TV.

Logo depois de assistir ao filme, fiz várias pesquisas sobre a nação Osage, pois precisava saber se a história de Assassinos da Lua das Flores era realmente verdadeira. Encontrei várias entrevistas, como essa de Emily McDonnell, cidadã da nação Navajo e Ph.D., especializada em estudos sobre indígenas americanos. Ela disse que cresceu onde vários filmes de John Wayne foram realizados e que eles sempre incluíam representações culturalmente insensíveis do povo nativo.

McDonnell diz que a maneira como Hollywood inclui os nativos em seu filmes, molda a forma como os povos indígenas são vistos pelo mundo.

“As pessoas nativas geralmente são retratadas historicamente e isso também contribui para a narrativa de que as pessoas nativas não existem mais, ou que não somos pessoas modernas”, disse ela.

Daniel Cobb, coordenador do programa americano de estudos indígenas da UNC, também falou sobre o filme.

“Você pensaria que essa história termina assim, que o povo de Osage sofre um assassinato em massa, corrupção, ganância e desmorona”, disse Cobb. “Mas isso é o oposto. As pessoas de Osage reagiram, superaram e hoje estão prosperando.”

A lenda da Lua das Flores

Assassinos da Lua das Flores é um filme longo e que, provavelmente, iremos assistir uma ou duas vezes. Mas ele também é inovador, pois trouxe várias atrizes indígenas, com Lily Gladstone sendo a primeira mulher indígena a ganhar o Globo de Ouro. Além disso, ela concorre ao Oscar 2024 e o filme também, em várias categorias.

A história é realmente bem sombria, pois mostra a eterna crueldade humana. Ainda bem que o filme também apresenta a lenda da lua das flores, milhares de pequenas florzinhas que se espalham pelas colinas de Oklahoma. São tantas flores, que até parece que Way-kon-tah, deus adorado pelos Osages, continua olhando por eles.

Veja o trailer do filme

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