Os haters podem gritar bastante, mas George Lucas sempre disse que Star Wars fala sobre política e Andor mostra o período mais sombrio dessa história galáctica.

Quando os oprimidos enfrentam os seus opressores, aqueles que escravizam e lucram com essa exploração do proletariado, sempre surge uma luz no fim do túnel e Andor mostra exatamente essa batalha entre classes. Karl Marx disse que o proletariado é a classe social dos trabalhadores, aqueles que não têm os próprios meios de subsistência e por isso vendem sua capacidade produtiva, em troca de um salário.
Em Star Wars essa classe, explorada pelo Império, utliza suas espaçonaves e droides para enfrentar a burguesia. Ainda bem que no mundo real o proletariado tem a força do voto. Assisti Andor e a série parece ser a próxima evolução do universo de Star Wars. Apesar de ter bem menos easter eggs, do que os fãs hardcore estão acostumados, Andor tem uma dependência de narrativas e caracterizações bem mais profundas.
É lógico que essa evolução gera reclamações, pois nem todos estão prontos para isso. Como Star Wars sempre falou sobre política, Andor nem tenta esconder isso em seu enredo. Além do mais, desta vez a política não é a mesma dos anos 1970, por isso a série é aberta e crítica e lança sua discussão sobre o mundo moderno. Os temas de Andor parecem bem oportunos e isso torna a narrativa ainda mais impactante para o público contemporâneo. Essa característica ajuda a explicar por que Star Wars continua tendo um sucesso eterno. Algo que acontece porque as ideias dos filmes e séries são aplicadas ao mundo que o público habita.
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Veja o pôster oficial de Andor

Essa série sobre o universo Star Wars, disponível no Disney+, entra claramente nesse lado político que George Lucas tanto gosta. De acordo com a atriz Fiona Shaw, que interpreta a mãe adotiva de Andor, o roteiro de Gilroy é: “uma ótima e indecente tomada do mundo Trumpiano”. Como ela explica em uma entrevista recente: “nosso mundo está explodindo em lugares diferentes agora, os direitos das pessoas estão desaparecendo, e Andor reflete isso. Exatamente do jeito que acontece na realidade.”
Andor apresenta as mazelas do mundo moderno
Andor é uma crítica aos governos ditatoriais, que realizam uma invasão focada na conformidade e no controle, e a série consegue apresentar muito bem isso. O primeiro episódio acontece longe da famosa cidade planeta de Star Wars, Coruscant. Uma região do espaço onde as corporações governam e têm um certo grau de independência. Mesmo nesse planeta, há uma tensão inquietante e essa independência só é permitida enquanto as corporações impõem o mesmo tipo de pressão do Império.
Os oficiais de segurança utilizam uniformes que são projetados para reduzir a individualidade e exibem uma atitude fascista, do jeito que o Império adora. A apresentação desse controle ditatorial pode ser sutil, como na cena em que um soldado diz que as construções em Ferrix não são rigidamente controladas. Este setor do espaço é aquele onde o capitalismo e o fascismo se misturaram, criando o mal que Andor deve combater.
Os primeiros vilões não são oficiais imperiais, mas policiais corruptos, que não suportam quando o seu poder é contestado, algo que conhecemos bem. Esses oficiais corruptos são os responsáveis por implementar o imperialismo invasor em Andor, pois eles acreditam que não existe uma resistência à esse poder. Quando os cidadãos de Ferrix tentam reagir, é fácil sentir que isso é um comentário sobre o MST ou a nossa luta contra o fascismo, no Brasil e no mundo.

George Lucas deve estar orgulhoso com o legado de Star Wars
Andor chega para virar Rogue One de cabeça para baixo e, provavelmente, vai conseguir. Certamente George Lucas está orgulhoso, já que Star Wars sempre abordou o poder político. Lucas teve inspiração nos eventos do mundo real, e principalmente a Guerra do Vietnã. Ele imaginou os Estados Unidos como a superpotência tecnologicamente avançada e os Viet Cong como a corajosa aliança rebelde. Este pensamento fica explícito em O Retorno de Jedi, com os Ewoks usando táticas de guerrilha contra o Império.
O próprio imperador não é uma cópia de Hitler ou Bonaparte, mas ele tem o perfil de alguns líderes mundiais. Em 1981, Lucas foi questionado se o Imperador era um Jedi caído e ele respondeu: “não, ele é um político, Richard M. Nixon é o nome dele. Ele subverteu o Senado e finalmente assumiu o poder e se tornou um cara imperial muito mau. No entanto, ele fingiu ser um cara muito legal.”
Para George Lucas, o fascismo do Império inicia com o populismo e mostra uma população cansada, que se desvincula da democracia e fica ansiosa por um líder que apoie esse povo descrente, contra uma imaginativa galáxia perigosa. Porém, o que essa população não sabe, é que os impérios ditatoriais nascem exatamente assim.
Andor está disponível no Disney+, veja o trailer abaixo.
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