Os programas infantis sempre foram violentos, desde o Pica-Pau


Programas infantis, como o Pica-Pau, sempre foram totalmente loucos e todo mundo dava tiro na cara do outro, ou engolia uma dinamite para explodir na barriga.

Os programas infantis sempre foram loucos e caóticos

Mas não lembro de nenhuma mãe desligando a TV por causa de programs infantis assim, ou comentando na entrada da escola que o desenho do Pernalonga era politicamente incorreto. Os desenhos que passavam na TV, na década de 70, eram completamente loucos e nem por isso as crianças cresceram com um desejo de virar um Dexter, ou até mesmo um criminoso.

De um tempo para cá, principalmente depois das Redes Sociais e, lógico, por causa do WhatsApp, a indústria do cancelamento vem crescendo de forma assustadora. Fico imaginando se em 1812, depois que os Irmãos Grimm lançaram os seus contos infantis, tivesse uma Rede Social como o WhatsApp. Com certeza uma das mensagens seria essa: “meu filho leu ontem a história da Cinderela, onde sua irmã corta os dedos dos pés para tentar calçar o chinelo de vidro, só orando”. A outra mãe responderia: “que loucura, o meu estava lendo uma história onde uma madrasta abandona os filhos na floresta, para deixá-los morrer, porque não tinha comida no castelo…só jesus na causa.”

Os contos dos Irmãos Grimm foram adaptados em vários programas infantis, desde que foram lançados, e a própria Disney recontou essas histórias. Cinderela, Branca de Neve e Bela Adormecida, tiveram um história mais suave e infantil. Mas, se você tiver curiosidade de ler algum conto dos Irmãos Grimm, irá perceber que todos eles sempre foram bem assustadores.

João e Maria sempre teve uma história assustadora

Sempre ouvimos histórias sobre João (Hansel) e Maria (Gretel) e elas não escondiam que eles eram crianças abandonadas por uma madrasta malvada. Os dois resolvem deixar um rastro de migalhas de pão, para encontrar o caminho de volta para a casa, mas acabam nas mãos de uma bruxa que adora comer crianças.

A Netflix tem uma série infantil em seu catálogo, com classificação etária de 10 anos, chamada Um Conto Sombrio dos Grimm (Tale Dark & ​​Grimm). Descobri que ele está horrorizando algumas mães e pais pelo mundo, sem motivo algum. Nessa série vemos Maria (Gretel) e João (Hansel) vivendo uma vida feliz como filhos do rei e da rainha, onde passam os dias jogando e ouvindo canções de ninar da sua madrasta, aparentemente, amorosa. No entanto, como a série é Um Conto Sombrio dos Grimm, tudo pode mudar radicalmente. Por isso vemos o pai decapitar os dois irmãos e costurar suas cabeças com algum tipo de fio mágico dourado, para trazê-los de volta à vida.

Traumatizados porque seus pais resolveram matá-los, João e Maria resolvem partir para a floresta na esperança de encontrar uma nova família. Eles procuram alguém que realmente os adorasse, que consiguisse alimentá-los bem e nunca os obriguasse a fazer nenhuma tarefa doméstica pesada. Os dois encontram um gentil fazendeiro de nabos nessa jornada, mas rejeitam a oferta de ficar apenas com ele. João e Maria só têm uma opção na cabeça: a Sra. Baker, uma padeira que faz bolos deliciosos para o castelo. Se ela puder ser a nova mãe das crianças, a vida delas certamente será bem melhor. Só que essas crianças e a Sra. Baker, têm ideias muito diferentes do que é ser feliz para sempre.

Um conto que mostra um mundo cruel e sombrio

O mundo dos contos de fadas dos irmãos Grimm não é bonito e colorido, com passarinhos alegres que ajudam no trabalho doméstico. Suas histórias mostram um mundo sombrio e cruel, exatamente o que aparece na série Um Conto Sombrio dos Grimm.

“Existem muitas ligações realmente óbvias entre as formas mais antigas de literatura para crianças, como contos de fadas e terror infantil”, disse Catherine Lester, autora de Filmes de Terror para Crianças e professora de cinema e televisão na Universidade de Birmingham, no Reino Unido. “Você vê temas semelhantes sendo trabalhados e que são comuns na infância, como aprender a ser independente, aprender a crescer e lidar com problemas com os seus pais.”

Programas infantis quase sempre são adaptações do folclore local

Essa noção da violência, que serve a um propósito na história, deve ser mantida e não importa muito em que época ela foi escrita. Sabemos que os contos infantis são adaptados do folclore, mesmo aqueles mais sombrios, e sempre contém uma violência que serve a um propósito maior. Portanto, acho muito radical falar que a série Um Conto Sombrio dos Grimm, da Netflix, possa causar algum problema na formação das crianças. Principalmente naquelas que já jogam games que não são tão suaves assim, como Fortnite ou Mortal Kombat e os seu Fatalitys sanguinários.

Nem falaria sobre essa série, se não tivesse ficado preocupado com algumas reações exageradas de mães e pais. Sei que algumas pessoas têm dificuldade em captar aquilo que acontece diariamente e que, provavelmente, deveriam prestar um pouco mais de atenção. Hoje, a realidade distópica de nossas vidas é muito mais assustadora do que alguns arrepios que se escondem nos programas infantis. Esse terror real, definitivamente, não é para as crianças, mas ele existe e amedronta muito mais do que um simples desenho animado.

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