A Banda Secos & Molhados encarou a caretice e a ditadura

Os Secos & Molhados escandalizaram críticos e público na década de 70, abrindo caminho para várias mudanças que ocorreram na sociedade brasileira.

Secos e Molhados

Ney Matogrosso e a Banda Secos & Molhados

Não lembro a primeira vez que escutei uma música dos Secos & Molhados, mas tenho certeza de que as músicas deles acompanharam vários momentos da minha vida. Pois Rosa de Hiroshima, Flores Astrais, O Patrão Nosso de Cada Dia, Que Fim Levaram Todas as Flores? e várias outras, ainda estão presentes em minhas playlists.

Não seria um exagero dizer que eles ajudaram a quebrar paradigmas, que só seriam totalmente superados mais de uma década depois. Mas isso tudo aconteceu graças a união de um estudante de Arquitetura e um Jornalista Português, que resolveram criar músicas com letras inteligentes e melodias interessantes. Estou falando de João Ricardo e, lógico Ney Matogrosso, que se uniram à Gerson Conrad e formaram Os Secos & Molhados.

Essa banda tinha a alma e o carisma de Ney Matogrosso, um personagem controverso e bem ousado, para a década de 70. Pois não podemos esquecer que Os Secos & Molhados surgiram durante os anos mais repressivos da ditadura militar mas, mesmo assim, falavam sobre sexualidade e opressão, justamente quando tudo isso era considerado um tabu. Ou seja, uma banda muito à frente do seu tempo.

Rosa de Hiroshima é um poema

Algo que vemos claramente na música Rosa de Hiroshima, do primeiro álbum da banda, que retrata todos os horrores das bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial. Essa música surge durante a ditadura militar e é uma adaptação do poema Rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes. Com toda a certeza uma música tocante, pacifista e antinuclear, até hoje. Ou na Que Fim Levaram Todas as Flores?, uma crítica aos perseguidos, censurados e mortos, durante a ditadura militar.

É impossível não enxergarmos toda a ousadia dos Secos & Molhados e como eles incomodaram os opressores dos Anos 70. Imagino a primeira apresentação da Banda, com Ney Matogrosso praticamente nu e cheio de plumas, cantando a música Sangue Latino, que termina assim: “E o que me importa é não estar vencido, Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos, Meu sangue latino, Minha alma cativa.”

É uma pena que Os Secos e Molhados duraram muito pouco, apesar de ficarem marcados para sempre na história da música brasileira. Em 2023 a banda completa 50 anos e abaixo apresento as músicas que eu mais gosto e escuto.

Rosa de Hiroshima
Flores Astrais
Amor
Assim Assado
Que Fim Levaram Todas as Flores?
O Patrão Nosso de Cada Dia
Sangue Latino

Considero Os Secos & Molhados uma Banda de Rock, com uma pitada de Tropicália, e acho incrível que a maquiagem e os figurinos inovadores tenha sido um sensação e não um escândalo, bem no início dos anos 70. Além disso, a banda vendeu milhares de discos e isso mostra que vencemos a caretice e a opressão muitos anos atrás e, portanto, não podemos regredir.

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