Os X-Men sempre foram temidos e odiados pelo resto da sociedade, por terem um poder destrutivo, aparência ocasionalmente desumana e uma existência geralmente mal compreendida.
A perseguição aos Mutantes
Os personagens foram criados no meio do movimento pelos Direitos Civis, que aconteceu na década de 1960, nos EUA. Portanto, não é segredo dizer que os mutantes serviram como uma metáfora para as relações raciais e sociais que o mundo vivia.
No entanto, esse pensamento se expandiu com o passar dos anos, incluindo essencialmente todos os grupos perseguidos ou discriminados que vivem na face da Terra. Ou seja, os X-Men representam os negros, os grupos LGBT+, portadores de necessidades especiais e todas as pessoas que são oprimidas. Portanto, não é nenhuma coincidência que alguns dos X-Men mais memoráveis, como Tempestade, Vampira, Kitty Pryde e Fênix Negra, sejam mulheres. Com certeza essa escolha da Marvel foi uma tentativa de quebrar o modelo pré-estabelecido de super-heróis masculinos, brancos e heterossexuais, por isso a franquia X-Men resolveu liderar essa mudança.
Buscando transmitir o mundo diversificado em que vivemos, a Marvel colocou sobre os X-Men o ônus de ser uma equipe heterogênea. A equipe é composta por pessoas de diferentes países, com representantes de diferentes raças e até com diferentes religiões. Por isso os novos e diferentes X-Men, com o seu grupo visivelmente diverso, incluía Tempestade, a primeira super-heroína negra dos quadrinhos. Novamente, não deveria ser nenhuma surpresa que uma franquia de quadrinhos, ligada tão intimamente à diversidade e que mostra a perseguição ao diferente, fosse a plataforma perfeita para mostrar o mundo realista em que vivemos. Apesar disso, a única coisa que permaneceu uma constante, ao longo desses anos de existência da franquia, é que as coisas nunca melhoraram para os mutantes.
HQ dos X-Men que mostra um protesto racista
Os quadrinhos e o cinema agora contam com o poder da Web e suas Redes Sociais, para dar força e ampliar os diversos movimentos que buscam justiça social. Com esse poder, os excluídos podem atingir um público bem mais amplo. É nessa interseção entre política, tecnologia e causas sociais, que as dificuldades de todos os povos marginalizados estão sendo expostas, algo que nunca aconteceu. Principalmente em época de eleições, onde vários movimentos destacam a contínua marginalização dos negros, as gritantes desigualdades sociais que as mulheres enfrentam, além da situação difícil da comunidade LGBT+. Isso acaba gerando um impulsionamento social, pois cria uma ampla publicidade que aproveita todo o poder da Internet. Quando esses problemas são expostos, imediatamente a sociedade cobra ações que visam remediar essas práticas discriminatórias e preconceituosas, que ainda acontecem em nosso mundo.
Isso acaba pressionando a Suprema Corte, que resolve legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou possibilita a criação de movimentos legítimos, como o Black Live Matter. Essa luta constante acaba criando medidas que conseguem impedir a marginalização dessas pessoas. Independentemente de posições políticas ou sentimentos pessoais, sobre esses tópicos controversos, esta é a realidade em que vivemos. Como o universo Marvel é um suposto reflexo de nossa realidade, a editora sempre fez questão de incluir os verdadeiros problemas da sociedade em sua revistas, filmes e séries.
Debate entre os X-Men e políticos
Infelizmente, o mundo real e, principalmente, aqueles que governam os países, estados e cidades, parecem desconhecer a famosa frase do Homem-Aranha.
“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”
Quem tem um poder, ou uma habilidade incrível, deve agir para alterar drasticamente a realidade dos pobres e oprimidos. Quem utiliza uma armadura ou tem poderes especiais, precisa ter uma mentalidade social apurada e isenta de preconceitos. Só assim conseguiremos melhorar, permanentemente, as condições daqueles que são o elo mais fraco da sociedade.
Não temos a ajuda dos X-Men para isso, mas temos o poder extremo do voto e da Educação. Apenas isso pode salvar a humanidade dos conflitos que impedem a evolução do nosso mundo.
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