As histórias em quadrinhos sempre foram censuradas e por isso criaram um vínculo com a sociedade, apesar das loucas críticas conservadoras.
Coringa na história em quadrinhos Batman: A Piada Mortal
A censura existe para tentar bloquear a explosão criativa de artistas, músicos, cineastas e, lógico, os criadores de história em quadrinhos. É impressionante ver como tentaram censurar várias HQs, desde o dia que a primeira revista chegou às bancas de jornais e livrarias. O caso mais impressionante ocorreu na década de 1950, quando o psiquiatra Fredrick Wertham resolveu dizer que os quadrinhos causavam efeitos negativos nas crianças.
Ele até escreveu um livro sobre o tema, chamado Seduction of the Innocent, onde Wertham afirma que os quadrinhos eram responsáveis pela delinqüência juvenil. Essa louca cruzada contra os quadrinhos levou à criação do Comics Code Authority. Um conjunto de regras, criadas pelos próprios editores e distribuidores, para evitar a intervenção do governo. O código estava em uso de alguma forma para a melhor metade do século XX. Com a suspensão desse código, autores e ilustradores exploraram os seus limites criativos e essa liberdade criou críticas intensas, nos últimos anos.
A censura sempre cercou as editoras de quadrinhos
Apesar dessa censura, os quadrinhos passam a ser cada vez mais procurados e, por isso, retornam para as bibliotecas e escolas. Mas essa popularidade os torna vulneráveis, já que ocorrerem várias tentativas de censura. Aliás, até hoje pessoas antiquadas tentam denunciar as HQs, dizendo que as histórias contêm palavrões, violência, sexo, nudez e uso de drogas ou álcool. Pois os quadrinhos eram e são totalmente suscetíveis a críticas exageradas, principalmente por causa da sua natureza visual.
Por isso existem bibliotecas, escolas e universidades que tentam preservar e fornecer acesso à importantes obras da cultura visual moderna, incluindo histórias em quadrinhos totalmente elogiadas e, lógico, censuradas por mentes sombrias.
Abaixo apresento duas HQs que tentaram censurar em bibliotecas e escolas americanas, algo que, infelizmente, também acontece por aqui. Ainda bem que existem bibliotecários, professores e defensores da liberdade de expressão, pois eles ajudam a manter os quadrinhos em circulação e acessível para a população, principalmente os que sofrem algum tipo de censura. Pois é assim que a liberdade de expressão enfrenta essa tentativa de retrocesso.
Batman: A Piada Mortal de Alan Moore, Brian Bolland, John Higgins – 1988
Batman: A Piada Mortal é uma história em quadrinhos onde o Coringa é violentamente torturado pelo comissário Jim Gordon e sua filha Barbara. Essa HQ é reconhecida como a real história de origem do Coringa. Esse perfil do vilão, apresentado por Alan Moore, Brian Bolland, John Higgins, influenciou as adaptações posteriores do Coringa nos quadrinhos e também na tela. Mesmo assim, tentaram censurar essa história em quadrinhos, principalmente por causa da personagem Barbara Gordon.
Em maio de 2013, um funcionário da Biblioteca Pública de Columbus, Nebraska, pediu que essa HQ do Batman fosse removida do local. Essa tentativa de censura alegava que a história defendia o estupro e a violência. Mas, após uma reunião do conselho da biblioteca, todos os membros votaram, por unanimidade, que Batman: A Piada Mortal permanecesse nas prateleiras.
Elektra, Assassina de Frank Miller, Bill Sienkiewicz – 1986/1987
Elektra, Assassina conta a história de uma jovem inocente, que passa a ter uma vida violenta e se transforma numa assassina fria e conhecedora de artes marciais. Essa série é universalmente conhecida por ser totalmente sombria e complexa, além de ter o traço marcante do artista Bill Sienkiewicz, com seu estilo expressionista.
Infelizmente, a HQ Elektra Assassina também sofre uma acusação de obscenidade, que dura de 1986 a 1989. A simples exibição dessa HQ, numa loja de quadrinhos em Illinois, levou à prisão o seu gerente. Os malucos que tentaram impedir a venda de Elektra, Assassina, disseram que os quadrinhos eram obscenos e cheios de influências satânicas. Eles acusaram o gerente de obscenidade e ele chegou a ser preso pela polícia. No entanto, essa prisão foi posteriormente anulada pelo tribunal de apelações, que achou a acusação muito exagerada. Esse incidente levou à formação do Comic Book Legal Defense Fund, criado para proteger os criadores de quadrinhos da Primeira Emenda americana, além dos varejistas, editores, bibliotecários e leitores.
Ainda bem que temos heróis na vida real, que lutam contra a censura, fake news e tudo aquilo que leva a sociedade a um retrocesso, pois precisamos sempre evoluir. Se não existissem pessoas assim, nem poderíamos ler grandes obras dos quadrinhos, assim como não teríamos acesso a nenhuma forma de manifestação artística.
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