Hoje é Dia da Consciência Negra no Brasil, uma data escolhida por ter sido o dia da morte do líder negro Zumbi, que lutou contra a escravidão no Nordeste.

Pantera Negra de Stan Lee e Jack Kirby

Nos quadrinhos os super-heróis negros começaram a aparecer amplamente nas revistas do século XX, como parceiros e heróis nas HQs All-Negro Comics e Timely Comics. No entanto, o mundo só conheceu o seu primeiro super-herói negro em julho de 1966, na edição do Quarteto Fantástico da Marvel.

Assim surgiu o Pantera Negra, um super-herói criado por Stan Lee e Jack Kirby. Apesar de não ter o sucesso esperado, logo no seu lançamento, o personagem foi amplamente aceito por várias minorias na implantação multicultural contínua da Marvel, ao longo das décadas. A inclusão e as causas sociais sempre fizeram parte do marketing visionário de Stan Lee. Além disso, o Pantera Negra serviu à dois propósitos importantes, de acordo com um artigo de Noel Murray na The Week

Em seu artigo Murray diz que o personagem passou a ser um ícone cultural para o crescente movimento Black Power e mais tarde para a classe média negra. Pantera Negra foi desenhado por Jack Kirby, que procurou criar um personagem com traços mais arredondados, o que daria o tom para futuros personagens negros e de outras minorias nos quadrinhos. Três anos após a estreia do herói, a Marvel apresentou o Falcão e a DC logo seguiria o exemplo, quando Kirby chegou à editora e criou o Corredor Negro (Black Racer) para a sua série New Gods (1971).

Além disso, logo depois a DC lançou o personagem John Stewart, um arquiteto que se tornou o novo Lanterna Verde (1972). Murray explica que Stewart estava longe de ser um personagem completo, porque caiu no perfil do homem negro enfurecido. Também em 1972 o personagem Luke Cage estreou na Marvel, com a HQ Luke Cage, Hero for Hire.

Pantera Negra Surgiu na Revista do Quarteto Fantástico.

Apesar de vários super-heróis negros surgirem na década de 70, uma pesquisa realizada pela Ebony/QuestionPro confirma que o Pantera Negra é o super-herói negro mais popular, com 50%, tendo Blade em segundo, com 15%. Essa fama do herói começou a crescer logo depois que o personagem conheceu o Quarteto Fantástico e decidiu que os seus poderes seriam usados ​​da melhor maneira possível à serviço de toda a humanidade, embora Wakanda estivesse sempre fechada para o mundo exterior.

O Pantera Negra juntou-se aos Vingadores em 1968, mas nunca foi um membro efetivo da equipe. Embora o personagem seja anterior à organização política revolucionária de mesmo nome, os Black Panters, a Marvel mudou brevemente o nome do Pantera Negra para Leopardo Negro, em uma tentativa de dissociar os dois. Pouco tempo depois, o personagem voltou a ser o Pantera Negra e, em 1973, ele estreou em sua própria revista.

Entretanto, o arco de história Panther’s Rage durou dois anos em Jungle Action, uma série escrita por Don McGregor e desenhada em sua maior parte pelo artista afro-americano Billy Graham. Refletindo o interesse pelas raízes africanas e pela consciência negra em geral, a revista devolveu T’Challa a uma Wakanda dividida por lutas internas e revoltas. O personagem conseguiu associar os super-heróis à reflexões sobre colonialismo e democracia. Além disso, essa revista contou com um elenco totalmente negro, algo que nunca havia acontecido nas HQs de super-heróis e as inovações continuaram na história posterior, onde o Pantera enfrentou a Ku Klux Klan.

Heróis negros da Marvel

As vendas fracas levaram ao cancelamento da revista, antes da história da Klan terminar, substituindo-a por um novo título, desenhado por Jack Kirby.

Apesar o sucesso inicial, Pantera Negra foi perdendo espaço e as minisséries de 1988 e 1991 foram tentativas, nada espetaculares, de revitalizar uma HQ já extinta. A primeira minisérie abordou o apartheid e a segunda mostrou o Pantera Negra na busca por sua mãe, mas nenhuma levou o personagem ao sucesso. Como os personagens negros não eram mais uma novidade nos quadrinhos e tinham perdido a relevância, parecia que o tempo do Pantera Negra havia terminado.

No entanto, em 1998, o escritor Christopher Priest incluiu o herói numa linha um pouco mais adulta, chamada Marvel Knights. Essa HQ criou uma série aclamada pela crítica e continuou até 2003. Nesta reinvenção, um envelhecido T’Challa retorna à selva urbana de Nova York em um thriller político habilmente escrito, equilibrando intriga com muito humor. A HQ de Priest apresentou Dora Milaje e uma equipe de guarda-costas femininas de todas as tribos de Wakanda. O diretor de cinema Reginald Hudlin foi o roteirista das HQs do Pantera Negra, de 2005 a 2008 e também de 2009 a 2010. Durante esse tempo, T’Challa foi brevemente casado com a Tempestade, dos X-Men.

Pantera Negra e a tecnologia de Wakanda

Após alguns anos, o vencedor do National Book Award, Ta-Nehisi Coates, foi encarregado de escrever as história em quadrinhos relançadas do Pantera Negra. Essa edição de estreia foi uma das revistas mais vendidas de 2016, ano que o Pantera Negra entrou no Universo Cinematográfico Marvel (UCM). O personagem apareceu em Capitão América: Guerra Civil, um blockbuster que lançou Chadwick Boseman como o príncipe de Wakanda.

Após essa estreia no cinema o personagem experimentou uma espécie de renascimento, com o sucesso levando ao lançamento de Black Phanter: World of Wakanda. Essa série explorou outros heróis de Wakanda e Black Panther & the Crew foi uma história de rua, ambientada no Harlem. 

Cada um desses títulos foi cancelado após apenas seis edições, por causa das vendas baixas. Mas em 2018 o diretor Ryan Coogler dirigiu Pantera Negra, um espetáculo deslumbrante que viu Boseman retornar às telas no papel de T’Challa. Talvez o filme mais visto do UCM até agora, Pantera Negra explorou questões de raça, gênero e poder, através de lentes afrofuturistas. O filme apresentou um elenco que tinha Michael B. Jordan, Lupita Nyong’o, Forest Whitaker e Angela Bassett.

O Pantera Negra e seus companheiros de Wakanda participaram com destaque no filme Vingadores: Guerra Infinita (2018). Nesse filme a frase Wakanda Forever passou a ser utilizada não apenas por pessoas negras, mas por todas que estão comprometidas com a luta antirracista e pela diversidade. Até as crianças, de todas etnias, passaram a utilizar essa frase, mostrando o tamanho do legado que esse filme deixou.

Chadwick Boseman

Infelizmente o ator Chadwick Boseman, astro de Pantera Negra, morreu aos 43 anos. Mas o sucesso do seu personagem, em tempos de Black Lives Matter e a criação do Dia da Consciência Negra, será eterno. Para o filme Pantera Negra 2, que teve a produção dificultada por causa da pandemia, Shuri, irmã de T’Challa, receberia o manto do Pantera Negra. Porém, após a atriz Letitia Wright divulgar que é antivacina e responder com passagens da bíblia, parece que teremos um filho do Pantera Negra na continuação.

Vamos aguardar as novidades sobre Pantera Negra 2, para sabermos quem será o herdeiro ou herdeira do seu Manto e perpetuará o grito: WAKANDA FOREVER.

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