James Woods e Debbie Harry estrelam Videodrome, essa alucinante ficção científica de David Cronenberg sobre a eterna doutrinação da mídia.

James Woods e Debbie Harry são protagonistas em Videodrome
Alguns filmes ficam marcados em nossas mentes e Videodrome (1983), inspirado nas teorias de comunicação do intelectual Marshall McLuhan, está nessa lista. Nessa época procurávamos filmes em algumas revistas e a Cinemim era a minha preferida. Provavelmente eu vi a sinopse do filme nessa revista e fui ao cinema para assisti-lo, sem saber que alguns anos depois estudaria os livros e as teorias de Marshall McLuhan.
O conceito sobre aldeia global, criado por McLuhan, ainda engatinhava na década de 80 e o filme Videodrome já criticava, de forma sádica e com muito humor, a alienação que a mídia eletrônica provocava. Isso na década de 80, quando a TV era a rainha das salas de estar espalhadas pelo mundo. Todas ocupadas em nascer e morrer, como diz a música Panis Et Circenses, dos Mutantes.
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Videodrome é um filme desconcertante
Essa mistura devastadora consegue unir Marshall McLuhan com a grotesca crítica de Videodrome, por isso o filme continua sendo um dos mais extravagantes da década de 80. Nele vemos o produtor de TV Max Renn (James Woods) descobrindo a transmissão pirata de um programa de tortura, aparentemente bem real e violento. Ele acaba se envolvendo nessa conspiração perigosa e cada vez mais alucinatória, criada para doutrinar e faturar com o público da TV.
O senso de realidade de Renn é destruído quando duas organizações rivais e obscuras começam a reprogramá-lo. Isso cria uma das cenas mais assustadoras que já vi, quando inserem fitas de vídeo orgânicas no orifício aberto no abdômen de Renn. As imagens são totalmente sadomasoquistas e criam uma fusão sombria entre homem e máquina. Videodrome consegue criar uma das experiências mais extremas do cinema e David Cronenberg faz um filme influente e inteligente.
Apesar da tecnologia de vídeo apresentada no filme ser totalmente ultrapassada no século XXI, suas ideias sobre proliferação de mídia e disseminação viral continuam sendo relevantes. A crítica alucinatória de Videodrome consegue traçar um paralelo com a nossa experiência real, quando decidimos se uma notícia da mídia é confiável, ou não. Aliás, ao longo do filme estamos constantemente nos perguntando: “O que é real?”
O filme é antigo, mas ainda consegue criticar os potenciais males da mídia de massa e lógico das redes antissociais, que nem existiam na década e 80. Você pode assistir ao filme Videodrome – A Síndrome do Vídeo no Prime Video