A Cor Púrpura traz a experiência das mulheres negras e as realidades opressivas dos anos 1900 e como isso continua a ser relevante.
A cena mais famosa do filme A Cor Púrpura
O filme de Steven Spielberg é baseado no romance de Alice Walker, que dizem ser mais sombrio e complexo que o filme, apesar de achar que a vida de Celie dificilmente possa ser mais dolorosa.
Certamente o tempo transforma as nossas percepções sobre as obras cinematográficas, pois vi o filme A Cor Púrpura em 1985 e revi um tempo depois. Quando vi pela primeira vez, não gostei muito e achei apelativo, piegas e só destaquei a música Miss Celie’s Blues, uma canção linda.
Revi agora, e a minha impressão é totalmente diferente. O filme faz uma denúncia sobre a forma como as mulheres, especialmente as negras, são tratadas. Celie, papel da incrível Whoopi Goldberg é uma garota violentada pelo próprio pai, no início da adolescência e tem um casal de filhos com ele, que são entregues a uma família mais abastada.
A triste história de Celie, cercada pela violência de gênero e raça
O filme Gira em torno da toxicidade e vitimização da mulher negra daquele período, mas também aborda os laços familiares e a amizade, pois apenas isso pode derrotar a opressão. Algo bem difícil nesse filme, pois um fazendeiro que perde a esposa, vai até ao pai de Celie e tenta levar Nettie, a irmã mais velha. O pai discorda e entrega Celie, ainda menina, para cuidar da casa de Albert. A violência extrema com que Albert, magistralmente bem interpretado por Danny Glover, trata a família, é algo revoltante.
Por isso que Nettie, cansada dos abusos paternos, foge de casa e vai viver com Albert e Celie, pois as duas irmãs são inseparáveis. Infelizmente Albert fica mais interessado em Nettie do que em Celie mas, ao ter suas investidas rejeitadas, ele expulsa a cunhada de casa.
Já na idade adulta, Albert traz Shug Avery, sua grande paixão, para viver na casa junto com o casal. Nasce aí uma amizade feliz entre Celie e Shug. Esta é filha de um pastor que a rejeita, pois é cantora de blues. Imagino como deveria ser uma cantora de Blues, que trabalha à noite, durante esse período.
Nesse ínterim, o filho mais velho de Albert, Harpo, conhece Sofia. Entre idas e vindas, os dois acabam tendo uma prole farta, porém Sofia é uma mulher voluntariosa e não aceita desaforo. Por esta razão, ela tem um desentendimento com a mulher do prefeito e fica presa por vários anos.
Pôster do filme A Cor Púrpura
Nettie parte para a África, numa missão com a família que a abrigou, quando foi expulsa por Albert e eles ajudam a criar os filhos de Celie, pois a crueldade de Albert é enorme. Nettie passa anos escrevendo para Celie, mas ele não deixa ela ler as cartas. Ou seja, Celie é uma mulher que perde sua individualidade e propósito na vida, por isso ela, silenciosamente e submissivamente, suporta todo comportamento desumano de seu marido. Aliás, ela aceita isso porque ela não conhece nenhum outro comportamento mais afetivo.
A violência permeia todas as relações do filme, mas também as formas de resiliência e sobrevivência são bastante demarcadas. Os brancos são exceção no filme e aparecem muito pouco, mas sempre em situação de opressão e demarcando o profundo racismo da cultura estadunidense.
A Cor Púrpura significa sua libertação, pois essa é uma história sobre crescimento e resistência, mas nutrida pelo amor. Encontrar as cartas da Nettie cria uma nova jornada para Celie e ela parte em direção à autodescoberta e resistência. Pois
A Cor Púrpura significa sua libertação, pois essa é uma história sobre crescimento e resistência, mas nutrida pelo amor. Encontrar as cartas da Nettie cria uma nova jornada para Celie e ela parte em direção à autodescoberta e resistência. Pois ela passa a descobrir o seu próprio valor e parte para superar os seus medos, para resgatar, finalmente, a sua independência.
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