Rachel, Jack e Ashley Too, episódio da 5ª temporada de Black Mirror, une exploração artística com tecnologia e mostra o preço da fama na indústria musical.

Miley Cyrus protagoniza Rachel, Jack e Ashley Too de Black Mirror
Black Mirror e Miley Cyrus satirizam a indústria musical em Rachel, Jack e Ashley Too, mas também criticam a exploração artística e os perigos da tecnologia, que suga o talento de artistas. A série da Netflix sempre apresenta os lados positivos e negativos da tecnologia e o macabro mundo das redes sociais. Nesse episódio, escrito pelo criador de Black Mirror, Charlie Booker, e dirigido por Anne Sewitsky, vemos um retrato amplo da fama e como ela utiliza essas ferramentas.
É impossível assistirmos ao episódio Rachel, Jack e Ashley Too sem pensarmos na vida de Miley Cyrus, de Britney Spears, ou até a de David Cassidy, da Família Dó Ré Mi, ídolo pop do anos 70. A série mostra essa visão avassaladora da indústria musical, que incentiva os fãs a consumirem exatamente aquilo que eles mais amam e criam uma prisão para as estrelas do Show Business.
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Rachel, Jack e Ashley Too inicia com uma adolescente solitária, Rachel (Angourie Rice), sentada sozinha no refeitório e na companhia do seu celular. Ela é a novata da escola, pois seu pai, um cientista que cria um método robótico para se livrar de ratos, mudou-se com ela e sua irmã para uma nova cidade, após a morte da mãe. A irmã mais velha Jack (Madison Davenport) vive escutando The Pixies a banda favorita de sua mãe, enquanto Rachel está cada vez mais isolada. Sua única companhia é a cantora Ashley O (Miley Cyrus), uma artista pop de cabelo rosa, bem parecida com Hannah Montana, que Rachel adora como uma deusa.
Mas esse marasmo acaba quando Ashley lança uma boneca chamada Ashley Too, que recebe a consciência da cantora real. A boneca tem uma IA parecida com a da Alexa, mas ela tem um cabelo rosa e uma atitude inspiradora. Rachel ganha essa boneca e encontra uma amiga e mentora, que passa a dar várias dicas para a menina ter uma vida mais agitada. Sua irmã Jack fica preocupada com à devoção da irmã e odeia as mensagens consumistas que a IA Ashley O oferece.
Black Mirror mostra a angústia no mundo musical
Apesar da boneca conquistar Rachel, a verdadeira Ashley é cada vez mais controlada pela sua tia e empresária. Por isso as músicas que Ashley está compondo não trazem a mensagem positiva e otimista da cantora, colidindo com sua angústia interior. Catherine (Susan Pourfar) não a deixa colocar em risco o império que criou e impede essas atitudes ousadas. Miley Cyrus até disse que se inspirou em sua própria vida para criar a personagem.
Essa angústia e rebeldia da cantora Ashley leva sua empresária e tia a deixá-la em coma induzido e confinada em uma cama. Com ajuda da tecnologia, sua criatividade é literalmente sugada, pois sua empresária quer extrair as ondas cerebrais de sua sobrinha e transformá-las em sucessos musicais. Sua tia cria a Ashley Eternal, uma artista holográfica inspirada em Ashley O. Parece ridículo, mas não está a quilômetros de distância de onde a indústria musical está atualmente. Já tivemos shows holográficos de Elvis, Roy Orbison e até Michael Jackson.
Por incrível que pareça, dessa vez a IA resolve ser anarquista e, junto com as duas irmãs, parte para salvar a cantora Ashley do coma profundo. Isso é possível porque Ashley Too recebe um upgrade com toda a consciência de Ashley e, portanto, essa versão robótica pensa e fala como a cantora. As três conseguem impedir os planos de Catherine, que está disposta a matar Ashley. Afinal, um holograma não reclama, não fica estressado e muito menos cansado e, o mais importante, não precisa receber nada.
No episódio de Black Mirror a IA ajuda a vencer uma tecnologia predatória e exploradora, mas precisamos lembrar que esse ato de rebeldia só foi possível por causa do lado humano das duas irmãs. Ou seja, elas controlaram a IA e possibilitaram que Ashley Too incorporasse o lado anarquista e metaleiro da cantora. Por isso Rachel, Jack e Ashley Too termina mostrando toda a rebeldia do Rock, que consegue controlar a IA.