O Surfista Prateado, que simboliza todas as aspirações mais elevadas do espírito, também representa o esforço da Marvel para elevar o conceito do super-herói.

Surfista Prateado de Jack Kirby
Este super-herói nobre, contemplativo e altruísta foi criado em 1966 por Jack Kirby e Stan Lee. A partir dessa estreia o mundo dos quadrinhos passou a admirar este personagem solitário, surfando pelo espaço sideral.
Ironicamente, quando este alienígena benevolente apareceu pela primeira vez, ele estava trabalhando para um dos vilões mais terríveis dos quadrinhos. Ou seja, o ser divino e poderoso conhecido como Galactus. Pois Norrin Radd, do planeta Zenn-La, se torna o batedor superpoderoso de Galactus, para salvar o seu povo do terrível apetite do Titã Devorador de Planetas. Além disso, Radd ficou insatisfeito com sua vida pouco exigente no paraíso de Zenn-La e aceitou a oferta de Galactus.
Ele decidiu viver entre as estrelas, raciocinando que ele poderia encontrar planetas desabitados para o seu mestre devorar, salvando incontáveis civilizações. Ele voa sem parar, esquivando-se de meteoros, contornando asteróides e surfando de planeta em planeta, por galáxias inteiras. No entanto, ao aceitar um futuro ao lado de Galactus, ele tem que deixar o amor de sua vida, a bela Shalla-Bal. Isso provocou séculos de saudades, já que as pessoas do seu planeta natal são convenientemente imortais.

Surfista Prateado dando adeus à Shala-Bal
A solidão do Surfista Prateado
Ao se sacrificar duas vezes, uma por seu próprio povo e novamente pela humanidade, o Surfista Prateado assumiu qualidades semelhantes às de Cristo. Por causa do seu sofrimento, ele foi condenado a passar a sua vida no planeta Terra, isolado e sem nenhum acesso ao universo infinito, que amava explorar. Além disso, ele ficou muito distante de sua amada Shalla-Bal. O Surfista Prateado, entretanto, não foi contaminado pelo pecado original e permaneceu sendo um observador distanciado e perplexo da loucura humana. Como um símbolo da liberdade ilimitada, que foi arrastado para essa realidade mundana, o Surfista era de fato uma figura trágica, mas ele nunca perdeu a sua inocência essencial.
O personagem Surfista Prateado surgiu na psicodélica década de 1960 e tanto os fãs, quanto o crescente movimento da contra-cultura, adoravam suas histórias e sua emoção ao estilo James Dean. Na verdade, o próprio Surfista tinha muito a dizer sobre os tópicos quentes da década de 1960, que falavam sobre a guerra e também sobre a paz. Por isso, em 1968, o clamor pelo herói cresceu a um nível febril e Stan Lee curvou-se ao inevitável, dando ao Surfista a sua própria história em quadrinhos completa, com uma história de origem há muito adiada. E foi assim que o Surfista encontrou o elegante artista John Buscema.

Surfista Prateado pelo traço de grande artistas
Sob o comando do grande Buscema, a HQ do Surfista Prateado foi um dos pontos altos dessa década. Emocionante, dinâmica e expansiva, pois cada edição era uma arte complexa. O momento certo para Buscema e Lee introduzirem o Diabo no mundo cada vez mais santificado do Surfista e assim o personagem Mephisto foi apresentado. Com orelhas pontudas, dentes afiados, pele vermelha e cheio de chamas, Lee fez com que Mephisto oferecesse ao Surfista um mundo com riquezas, poder e mulheres, além da tão sonhada vida com Shalla Bal. Isso se ele apenas se juntasse ao demoníaco Mephisto, em sua carreira do mal. Inevitavelmente, o Surfista rejeitou essas tentações, apenas para ver Shalla Bal, ou ser levado de volta para Zenn-La e continuou sua trajetória solitária pelo universo
“Não encontrei planeta mais abençoado do que este … É como se a raça humana tivesse sido divinamente favorecida sobre todos aqueles que vivem!”
“Agora estou aqui sozinho e abandonado neste mundo hostil!
Eu, que cruzei as ondas do infinito … exilado para sempre nesta esfera solitária …”

As histórias do Surfista Prateado trouxeram uma consciência social para o vocabulário comum dos quadrinhos. O Surfista Prateado apresentou o seu próprio evangelho humanístico: consciência ecológica, tolerância, respeito pela dignidade humana básica e amor incondicional, tudo que o mundo atual necessita. Portanto, como não teremos um Super-Herói que cruze o espaço surfando em sua prancha, para resolver todas as mazelas da humanidade, podemos apenas sonhar e ler algumas HQs do Surfista Prateado.
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