Fahrenheit 451 nunca foi tão atual e mostra como a leitura e o conhecimento continua incomodando, apesar do livro ter sido publicado na década de 50.
A leitura de Montag no filme Fahrenheit 451
Li Fahrenheit 451 há muito tempo e também vi a primeira e a segunda versão da adaptação cinematográfica desse livro. Revendo a segunda versão do filme, percebi que precisava reiniciar a leitura de Fahrenheit 451, principalmente depois de ler uma entrevista de Ray Bradbury.
Temas atemporais sobre repressão do governo e desinformação manipuladora, sempre são relevantes e atuais. Por isso essa nova versão Fahrenheit 451, da HBO Max, não poderia ser mais contemporânea. Lógico que a história precisou ser alterada, para acompanhar os avanços da tecnologia, como os emojis e drones, só para mostrar como acumulamos informações.
Certamente Ray Bradbury previu muita coisa, mas não poderia ter previsto a era dos emojis, em plena década de 50. Esse romance, publicado em 1953, retrata um mundo onde os bombeiros incendeiam bibliotecas pessoais e fazem isso para manter a população viciada no entretenimento digital. No entanto, nesse filme de 2018, as façanhas dos bombeiros também são impulsionadas pelas redes sociais. Por isso os incendiários, interpretados por Michael Shannon e Michael B. Jordan, surgem como heróis locais e estão onipresentes, em transmissões ao vivo. Uma crítica à falta de controle das redes sociais, que permitem as fake news e mensagens violentas de seus usuários.
Montag e o poder da Leitura
No filme, os olhos de Montag se abrem para o vazio que é a sua vida, por isso ele tenta encontrar um significado maior. Acreditando que os livros devem conter o conhecimento que procura, Montag começa a desafiar as leis que deveria cumprir. Seu desespero tenta dar sentido à sua vida, por isso ele inicia uma luta contra a ignorância da sociedade. Ou seja, a única maneira de salvar a si mesmo e a humanidade, é destruir toda a ignorância do mundo, algo que ele não enxergava antes.
Fahrenheit 451 mostra a visão futurista de Ray Douglas Bradbury
Ray Bradbury escreveu Fahrenheit 451 quando os americanos viviam sob uma nuvem de medo, criada pelo Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara e também pelo macarthismo. Algo que trouxe repressão política, listas negras e censura da literatura e da arte. Nessa época, os americanos alienados queimavam até revistas em quadrinhos.
Mas, a principal inspiração de Bradbury, foi a invasão de televisores preto e branco, de sete polegadas, nas casas das pessoas. Em Fahrenheit 451, o escritor tenta alertar sobre a ameaça da mídia de massa, sobre o bombardeio de sensações digitais e como isso poderia substituir o pensamento crítico. Ele imagina um mundo onde as pessoas se divertem, dia e noite, olhando para as telas gigantes nas paredes de suas casas. Se Fahrenheit 451 fosse escrito hoje, certamente incluiria os smartphones e games, algo que inibe a leitura e possibilita a alienação.
Montag e os emojis de Fahrenheit 451
Na nova versão de Fahrenheit 451, os bombeiros começam destruindo servidores, pois os e-books já são uma realidade nesse mundo. Mas, a metamorfose de Montag, só acontece quando ele vai queimar livros físicos, pois nessa hora ele recorda do seu pai e da leitura em sua vida. Por isso ele leva um livro escondido e, finalmente, abre sua mente contra a censura e o controle.
Fahrenheit 451 leva uma mensagem para a humanidade e mostra a importância do conhecimento, para o futuro de nossa sociedade. Sem os livros as pessoas são facilmente corrompidas pela ignorância, censura e pelas ferramentas que desviam nossa atenção da realidade. Fahrenheit 451 reflete esse mundo onde as pessoas tentam recuperar um propósito, pois estamos realizando muito e pensando muito pouco.
Antes de ver o filme, leia o livro. Só assim você vai entender porque apenas o Omnus, que contém toda a consciência coletiva da humanidade, pode realmente salvar o nosso mundo.
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