Quando a TV era quadrada, o cinema era um ato de liberdade e um refúgio dessa programação, de gosto duvidoso, que passava na telinha. Na Tijuca existiam vários cinemas e praticamente todos tinham os mesmos horários de sessão, de duas em duas horas dependendo da duração do filme. E as salas dos cinemas eram luxuosas e com aquele cheirinho de pipoca no ar, convidando para entrarmos quando passávamos pela porta. Foi exatamente num desses cinemas que assisti Hair pela primeira vez.

A Década de 70 foi recheada de filmes musicais como: Um Violinista no Telhado, Jesus Cristo Superstar, New York, New York, Cabaret e All That Jazz, mas nenhum representa tanto essa época , quanto Hair. Esse filme mostrou para uma geração que é possível fugir do sistema para viver em liberdade e que o mundo precisa apenas de paz e amor. Um filme perfeito para esquecermos os problemas, durante algumas horas, e mergulharmos em cenas que passam tranquilidade, graças à excelente trilha sonora.
As melhores partes de Hair facilmente coincidem com o sucesso das músicas Aquarius, Hair, Let The Sunshine In e Manchester, fornecendo o pano de fundo para as sequências mais emocionantes do filme. Mesmo depois de assistir várias vezes, essas cenas emocionam e mostram porque elas são inesquecíveis. Hair é uma adaptação da peça de 1967 realizada na Broadway e passada para o cinema em 1978 pelo diretor Milos Forman. Chega a ser irônico como um musical sobre a contracultura é levado para a Broadway e para os cinemas, duas grandes representações da cultura americana capitalista.
No filme, Claude Hooper Bukowski, um garoto do interior do Oklahoma, vai para Nova York ao ser convocado para a guerra do Vietnam, conhece alguns hippies no Central Park e torna-se amigo deles. Logo no início do filme podemos perceber que as cores são bem apagadas e durante a viagem de Claude, o filme vai ficando mais colorido, o que demonstra o contraste entre a sociedade da época e os hippies.

Para combinar com uma excelente trilha sonora o diretor de Hair, Milos Forman, criou coreografias não muito complexas que mostravam o jeito Hippie de ser. As danças conseguiram transmitir o retrato de uma geração e muitas das músicas de Hair conseguiram virar hinos de uma época, tanto que em 2004, Aquarius entrou para o ranking das melhores canções do cinema.
Hair pode nos prender do começo ao fim, através de cenas memoráveis, como quando Berger e seus amigos invadiram uma festa e cantaram e dançaram na mesa de jantar. O filme nos faz repensar alguns valores de nossa sociedade onde só os pobres, fracos e negros são afetados. Por causa dessas questões complexas, Hair se tornou um dos melhores filmes dos últimos tempos, sua música e a crítica à sociedade da época, ainda faz parte do contexto em que vivemos hoje, em pleno Século XXI.

É difícil encontrar o Filme Hair em canais da TV por Assinatura, mas você encontra facilmente em serviços de streaming e no DVD ou Blu-Ray. Se você já assistiu, vale à pena ver mais algumas vezes, ou sempre. Se você ainda não assistiu, não perca nem mais um segundo e assista hoje esse filme memorável e icônico.
Você encontra o Filme Hair e sua Trilha Sonora na iTunes Store: