A Vida Depois de Yang consegue revelar aspectos íntimos da condição humana, ao mesmo tempo que explora uma história fantástica e futurística.

A Vida Depois de Yang tem direção de Kogonada

Um tópico comum de discussão hoje em dia é a crescente automação do mundo e se a I.A. pode ser utilizada para o bem ou para o mal. Basicamente, essa automação significa qualquer máquina ou máquinas auto-operacionais, que não necessitam de humanos. Essas máquinas são projetadas para agir de maneira predeterminada e, portanto, de acordo com as instruções programadas. O melhor exemplo disso talvez seja um robô, pois ele consegue agir independentemente da ação de um humano.

O homem sempre temeu os avanços tecnológicos, desde os gregos, que foram pioneiros na automação. Na mitologia grega, existem muitas referências à essas máquinas que se movem e o poeta Homer descreveu ferramentas no Olimpo, que eram automatizadas. Hoje, nos preocupamos com o futuro da tecnologia e existem vários debates sobre as possibilidades e os perigos que nos esperam, com a utilização da automação e da I.A.. Mas a Inteligência Artificial de hoje e do futuro é, obviamente, bem mais avançada do que a dos nossos ancestrais gregos. Provavelmente, logo veremos uma I.A. como Yang (Justin H. Min), do filme A Vida Depois de Yang, que busca a perfeição humana.

Os filmes de ficção sempre tentam apresentar debates filosóficos sobre humanos e tecnologia, como Gattaca (1997), que questiona como o homem pode lidar com uma sociedade que exige a perfeição genética, e Ela (2013), a história de uma I.A. que ganha consciência e começa a entender o que é amor .

A Vida Depois de Yang é inspirado no conto de Alexander Weinstein

A Vida Depois de Yang (2021) é um filme de Kogonada (Star Wars: The Acolyte e Columbus) inspirado no conto de Alexander Weinstein. Esse filme, que não está disponível em nenhum serviço de streaming, envolve inteligência artificial, amor e a busca pela perfeição, mas também é sonhador, assustador e profundamente emocionante.

Enquanto vários sucessos de bilheteria atuais tendem a se concentrar no espetáculo fornecido pela magia dos efeitos visuais, esse filme de Kogonada tem uma forma mais minimalista e pessoal. Pois ele utiliza humanos artificiais que exploram todos os sentimentos, desde memórias até a cultura dos humanos. A Vida Depois de Yang se passa em um futuro onde os nossos dispositivos eletrônicos não são apenas os nossos bens mais preciosos, eles também são membros das nossas famílias.

Colin Farrell interpreta Jake, um vendedor de chá que compra um Technosapien I.A. para ser o irmão mais velho e professor cultural de sua filha Mika (Malea Emma Tjandrawidjaja). Jake e sua esposa Kyra (Jodie Turner-Smith) adotaram Mika na China, por isso Yang (The Umbrella Academy) é programado para manter Mika conectada às suas raízes. Para que isso aconteça, ele fornece curiosidades chinesas e outras atividades, mas acaba cirando Mika, já que seu pai e mãe estão sempre ocupados.

Cena do filme A Vida Depois de Yang

Demora um pouco até que o filme deixe claro que Yang não é humano, mesmo que ele pareça um pouco distante, logo na cena de abertura. Também não percebemos que Yang é um Technosapien I.A. quando a família perde na competição de dança em realidade virtual. Kogonada evita mostrar que Yang é diferente do resto da família e isso só acontece quando ele desiste de todos e apresenta um defeito. A família fica arrasada com essa perda e cada um tenta lidar com a situação, mas de uma maneira diferente.

Nessa hora Mika começa a perguntar sobre o que acontece conosco quando morremos e passa a entender que todos podem deixar de existir. Esse filme mostra uma criança conhecendo a ternura, a mágoa e uma contemplação reflexiva da vida, no momento que Yang apresenta um defeito e para de funcionar. O filme fala sobre morte e existência por uma perspectiva infantil, mas que rapidamente amadurece para algo muito mais profundo e sombrio.

A I.A. e o nosso futuro

A família de Mika passa a ter o desafio de trazer Yang de volta à vida e acaba descobrindo um mistério sobre a vida anterior dessa I.A., os seus relacionamentos secretos e até uma janela para a sua alma. Por causa dessa sensibilidade meio Zen de Kogonada, A Vida Depois de Yang consegue uma abordagem existencial sobre as grandes questões da humanidade em relação à Inteligência Artificial. O filme consegue refletir a nossa própria compreensão sobre a vida e como essa vida artificial irá se encaixar em nosso mundo.

Filmes assim mostram como a I.A. generativa pode moldar o nosso futuro de inúmeras maneiras, seja através da criação de novas formas de arte e expressão, ou tomando decisões na construção e até melhorando os cuidados com a nossa saúde, as possibilidades são infinitas. O que não podemos esquecer, principalmente os jovens, é que esse excesso de tecnologia não pode substituir aquilo que a nossa vida mais necessita: Amor.

Veja abaixo o trailer de A Vida Depois de Yang

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