1984, de George Orwell, sempre será um livro essencial, independentemente das mudanças ideológicas, pois retrata uma pessoa lutando para manter o que é real e valioso.

Estamos em 2022 e mais um BBB está no ar para dominar as conversas e interações na vida real e também nas redes sociais. Assim como no livro 1984, o Grande Irmão observa se os participantes do programa estão agindo corretamente e, ao mesmo tempo, é a única pessoa com quem eles podem falar, fora da casa.
Como os cidadãos no livro de Orwell, os colegas da casa do Big Brother são encorajados a se voltarem uns contra os outros e estão constantemente em competição, para manterem o seu lugar no programa e lutarem pelo prêmio. Assim como o livro imaginava, no BBB todos estão sob vigilância constante e não conseguem escapar dos olhos do Grande Irmão.
O livro até gerou um filme, baseado no romance clássico de Orwell, mas o livro e o filme não contam exatamente a mesma história. Em comparação com o programa de TV, o livro tem um final muito mais sombrio do que o BBB, que termina com um vencedor sortudo sendo coroado e ganhando uma bolada.
Mas muitos outros aspectos do BBB, como as pessoas que desaparecem e são despejadas, se não agradarem, são claramente inspirados nesse romance sombrio. O sinistro Grande Irmão, tanto no BBB quanto no livro são bem parecidos e o programa de TV coloca os companheiros da casa sob o olhar atento desse Big Brother, um ser onipresente, onipotente e onisciente, que controla o show e a vida dos participantes.

Há uma boa chance de você ter escutado alguém dizer: o Grande Irmão está de olho em você. Talvez tenham dito isso para desencorajá-lo a fazer algo que você não deveria fazer quando está sozinho, pensando que ninguém descobriria. Ou talvez tenham dito isso para dizer que os governos estão vigiando os seus cidadãos, com câmeras de vigilância ou outros meios. Saiba que essa frase vem originalmente do romance distópico de George Orwell, 1984.
Se você ainda não leu o livro, saiba que o filme está disponível em vários serviços de streaming. Assista ou leia e descubra que a utopia é um lugar imaginário onde o governo, as leis e as condições sociais são perfeitas. Já uma distopia é exatamente o oposto e mostra uma sociedade caracterizada pela opressão, miséria e muitas vezes uma forma totalitária onde governos tentam esmagar a sua liberdade individual, em favor do poder absoluto do Estado. Às vezes, os líderes dessas sociedades distópicas tentam convencer os seus cidadãos de que estão bem e que o governo está cuidando de todos. Este é tema central do filme 1984, de Orwell.
Na Oceania, um estado totalitário e fictício, que Orwell criou, qualquer cidadão sabe que pode ser vigiado o tempo todo. Existem telas em todos os lugares, através das quais os membros do alto escalão do Partido podem assistir e registrar o que cada um está fazendo. Segundo o Partido, essa vigilância é para o bem da Oceania como um todo e os cidadãos que resistem ou desobedecem são rotulados de traidores e logo desaparecem. O líder do Partido é conhecido como o Grande Irmão.
O mais assustador é que essa ficção está cada dia mais real e sinistra. Não vemos cartazes do Grande Irmão espalhados pelas ruas, mas vemos e ouvimos o que fascistas, negacionistas e ditadores pensam, nas redes sociais. O Big Brother de 1984 é descrito dessa maneira: ‘‘O rosto com um bigode preto aparecia em todos os cantos junto com a frase – O GRANDE IRMÃO ESTÁ OBSERVANDO VOCÊ, e seus olhos escuros olhavam profundamente nos de Winston.”
Esse Estado de Vigilância é capaz de se firmar e envolver a vida das pessoas, mesmo em países democráticos e livres. Orwell foi bem claro sobre isso e disse que a criação de um estado de guerra perpétua e a implantação de um medo generalizado, induz as pessoas a renunciarem, voluntariamente, aos seus direitos e liberdades e permite a imposição de um Estado de Vigilância.
Precisamos ficar atentos aos terríveis avisos de George Orwell em 1984. Se eliminarmos a ameaça de aniquilação nuclear, se destruirmos a máquina de guerra permanente, se cobrarmos que os nossos líderes tenham soluções diplomáticas para conflitos mundiais, se direcionarmos os trilhões gastos em guerra para combater a desigualdade econômica, doenças, fome, falta de moradia, analfabetismo e desemprego em todo o mundo, se eliminarmos a vigilância governamental sem mandado, se restaurarmos a privacidade pessoal e toda liberdade perdida, se nos organizarmos, falarmos e fizermos tudo isso, o mundo não mergulhará na distopia de 1984. Mas o tempo está se esgotando.
Artigo: Hugo Machado
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